RESUMO
Esta pesquisa investiga se a aplicação da
metodologia da abordagem triangular, em um grupo de pessoas com profissões e
formações desvinculadas da arte, é eficaz para despertar o interesse pela
experiência estética e para mudar os paradigmas a respeito da importância da
arte no desenvolvimento humano.
PALAVRAS-CHAVE
Arte - Sensibilização – Leigos - Abordagem triangular
– Experiência estética
INTRODUÇÃO
Minha pesquisa versa sobre aplicar vivências
e metodologias em um grupo de pessoas apáticas em relação à arte, pessoas com
interesses aparentemente muito distantes da busca pela experiência estética e
verificar se, neste grupo, as atividades escolhidas serão eficazes em despertar
o interesse e o gosto pela arte, fazer com que a sua importância seja compreendida
e trazer o pleno entendimento de que todos podem ser artistas.
Na literatura e em textos de trabalhos
acadêmicos encontramos exemplos de educadores-artistas que bem se utilizaram,
para diversos fins, da metodologia e da experiência das pesquisadoras-educadoras
Fayga Ostrower e Ana Mae Barbosa.
De forma semelhante também eu me ocupo em
promover o contato com imagens, com a história da arte e a participação em
vivências artísticas, pautadas no fazer e no refletir, que é a metodologia da
“abordagem triangular no ensino das artes” preconizada por Ana Mae Barbosa; e
aplicar em um grupo de pessoas com pouco ou mesmo nenhum contato com a arte, em
condições próximas das que encontramos na obra “Universos da arte” de Fayga
Ostrower, com seu curso de artes para trabalhadores. Sendo estas, portanto,
minhas principais fontes bibliográficas.
O tema da pesquisa surgiu da reflexão sobre o
rumo das minhas escolhas de vida, ou seja, começou com a constatação das
mudanças que o aprendizado da arte operou no meu projeto de vida e da sua
importância como autoconhecimento.
Minhas graduações foram em outras áreas do
conhecimento, pois eu nunca tive interesse pelas artes, mas os anos de trabalho
estressante, em área financeira, com metas, prazos e opressão, trouxeram
princípios de enfermidades diversas e indicavam a necessidade de uma mudança de
rumo, de novas perspectivas e o desenvolvimento de outras facetas.
Resolvi estudar assuntos em nada parecidos
com as habilidades que vinha desenvolvendo, ingressando em alguns cursos livres,
que me proporcionaram um despertar artístico e com isso, todo um universo de
novas possibilidades se abriram diante de meus olhos.
Então, por experiência pessoal, posso afirmar
que o conhecer e o fazer artístico são essenciais ao desenvolvimento humano.
Mas, na maioria das pessoas, eu percebo que elas ainda tomam, como principal na
vida, o obter ganhos financeiros, a profissão técnica e o amealhar bens
econômicos.
O entendimento geral das pessoas sobre artes
visuais é muito raso. Arte para a maioria é entendida como sinônimo de lazer,
de passatempo, de complementação de renda e, para estes, a arte pode ser
descartada ou deixada de lado em prol de algo considerado mais importante, algumas
chegam mesmo a desconsiderar arte como trabalho e necessidade.
Então, como sensibilizar para a arte, pessoas
comuns que, sabidamente, tem este entendimento? E, estas pessoas, sendo
despertadas como passarão a ler o mundo pessoal e ao seu redor? Que outras
consequências ou significados podem ser observados? Encontrar respostas para
estas questões é o que pretende esta pesquisa.
Para esta finalidade, a arte-educadora Ana
Mae Barbosa sugere uma abordagem triangular; ou seja, ela entende que pela
leitura de imagens, contextualização e produção artística o gosto pela arte
pode ser despertado, compreendido e desenvolvido; e assim, nesta pesquisa, utilizo
esta concepção triangular do “conhecer-fazer-refletir” sobre arte, como
instrumento metodológico.
Escolhido o tema, passei a procurar o meu
público alvo: pessoas comuns, com profissões e formações desvinculadas da arte
e, com vistas a um convite para as vivências, seguiram-se conversas informais e
pude observar, mais apuradamente, o modo de pensar, suas convicções sobre arte
e os planos pessoais dos potenciais participantes.
Decidi trabalhar com um grupo familiar que
sempre se reunia aos sábados, o que facilitou a abordagem. E tivemos a
aplicação das metodologias e atividades escolhidas, com este grupo, constituído
por adultos já formados profissionalmente, com exceção de uma criança que está
nos anos iniciais do ensino fundamental.
Quanto ao relato do desenvolvimento
desta pesquisa, apresento, na primeira parte, as ideias colhidas na literatura
e em publicações de trabalhos acadêmicos sobre o tema da pesquisa, que foram norteadoras
das práticas.
Na etapa seguinte temos o relato dos
encontros: o que foi proposto, como atividade artística aos participantes e
como foram aplicadas e desenvolvidas; e também as reflexões trazidas pelos
participantes.
E após, apresento os resultados
observados no grupo quanto à mudança de entendimento da arte, se houve o desenvolvimento
da sensibilidade; a descoberta de novas possibilidades ou rumos, a evolução na expressão;
mudança de modelos de perfeição e beleza; valorização do mundo da arte; mudança
do olhar e autoconhecimento.
Por fim, trago as minhas reflexões
finais e uma comparação entre os objetivos iniciais e o que a pesquisa atingiu através
da observação deste grupo de pessoas que não teve a oportunidade de ter um melhor
contato e aprendizado com a arte nos tempos da escola.
BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo:
Perspectiva, 2004.
BARBOSA, Ana Mae. CUNHA. Fernanda
Pereira da. A abordagem triangular no
ensino das artes e culturas visuais. São Paulo: Cortez, 2010.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
OLIVEIRA, Jô. GARCEZ, Lucília. Explicando a arte: uma iniciação para
entender e apreciar as Artes Visuais. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Rio de
Janeiro: Campus, 1999.
OSTROWER, Fayga. Universos da arte: edição comemorativa.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino das artes.
Porto Alegre: Mediação, 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário